Miss Martini
Que poderia e seria a falar de uma mulher, moderna, dinâmica, independente com umas pernas estupendas, decotes vertiginosos, uns lábios carnudos e mais…
Que poderia e seria a observa-la, de alto a baixo a despi-la, a deseja-la, a cinematografar o pôr-do-sol, ou então na esplanada, desinteressadamente insinuada ao mirar, naquele encontro de pernas com os meus olhos que passam em segredo o suspiro que me intensa a fome de possui-la, logo ali, na calçada, na rua, numa casa de banho pública, numa jaula, selvagens, seria e mais…
Executiva, com aquelas saias que adivinham deleites acima dos joelhos… e mais seria, para cima, depilada, lingerie á escolha, branca, vermelha, roxa, champanhe e…mais, em êxtase, confetis, serpentinas, artifícios e a espuma da natureza a cheirar, perfumes, imponderáveis, dispendiosos, extravagantes, em fusão, em suor, a gemer em ahhhhhh, hummm, feminil… e depois orgasmos a mil, a sonhar, a ferver a língua entre as coxas tremulas e vem-te…e mais, que me quedo, que babo, acelero, cardíaco, quase suster a seiva, do ser, a saliva, quando…
Sorvo, escorrido e doce, suco e sexo com que encharcas pétalas na minha língua e mais…para cima, para baixo, por todo jardim que floresce no corpo, absoluto, superlativo, revelador e guloso mel ruborizado que faz cócegas nos lábios, na fala, na hipofaringe, que retesa os músculos e descontrai num deslumbro, quente, lúbrico, involuntário, tropical e mais…até fundir a tesão, a carícia, o carinho, num oceano de lava feiticeira que sublima o desejo…num profundo gesto de amor.
Depois, então o tal, em bolhas, o champanhe, em pingo, em escorrego, pela garganta da vida, a arrefecer, os seios, o ânimo, a pulsação…e vê-la morder os lábios.
Que poderia e seria a falar de uma mulher, de outra mulher, em monumento, em trabalho de gatas, numa escada, num café, a produzir, de ganga, e fazenda, apertada, em curva, nas curvas de tê-la, ali sobre os olhos, com a roupa encorrilhada nas partes, nas nádegas, no vaso do ventre em exercícios empenhados, distraídos dos meus olhos, sedentos, vítreos, a espelhar vontades, intenções, tentação e mais…
Que poderia e seria a falar de uma mulher, a rebentar de odor, a físico, energia, no pescoço, a comer, chupar, a lamber a devorar em gemido, ahhhhhh, hummm, com dedos na nuca, as unhas nas costas e mais…seria, a escaldar numa divisão do escritório, no chão, na carpete, a deslizar fecundos na água escoante dos lóbulos, em tensão, á animal, malcriados até á metamorfose do rosto em respiro, rápido, mais rápido, ofegante, vertiginoso até escorregar, pelas pernas, em entrelaço, fruto e semente numa orgia de ser e de sémen…e mais, seria, depois então o tal, fresco, doce, Martini, com limão a serenar, densas mãos que se apertam, em forniques, em festa, em deslizo que clama ao tempo cessar e mais… para eternizar o momento ali esgotados no chão… e fundir, fundir… a tesão, a carícia, o carinho, num oceano de lava feiticeira que sublima o desejo…num profundo gesto de amor.
Que poderia e seria a falar de uma mulher, da rua, camarada, velha e com filhos, retesa, com um esposo acorcovado…ela, ás compras, ao pão, doméstica e mãe…de pouco champanhe, de riso maior, que bebia martinis a caminho de casa…podia ser minha mãe, tua mãe…morreu.
Fundiu, fundiu…a carícia, o carinho, num oceano de lava feiticeira, que sublimou o desejo, o prazer, de ser mulher inteira…num profundo gesto de amor…
Adeus Miss Martini.
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 812 reads
Add comment
other contents of Lapis-Lazuli
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
![]() |
Fotos/Profile | 3517 | 1 | 4.464 | 03/13/2018 - 21:32 | Portuguese |
Poesia/Aphorism | In Vapore Sano | 4 | 3.514 | 03/13/2018 - 21:32 | English | |
Poesia/Aphorism | Era só isto que eu queria dizer | 1 | 3.237 | 02/27/2018 - 10:22 | English | |
Poesia/Aphorism | salgo :33 Isaías sonha que aos fala aos camones | 0 | 2.677 | 06/20/2014 - 15:41 | English | |
Poesia/General | Boca Do Inferno | 0 | 6.165 | 07/04/2013 - 22:44 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | veludo | 3 | 3.202 | 05/15/2013 - 17:34 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Segundo Reza a Morte | 0 | 2.989 | 10/04/2011 - 17:19 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Fumo | 0 | 2.983 | 09/23/2011 - 12:00 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | De olhos fechados | 3 | 3.444 | 09/20/2011 - 22:11 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Tundra | 0 | 2.858 | 09/20/2011 - 16:36 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Vazio | 3 | 2.982 | 09/16/2011 - 11:00 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Intento | 0 | 2.460 | 09/05/2011 - 16:52 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Palma Porque sim...Minha Senhora da Solidão | 0 | 2.798 | 08/29/2011 - 11:13 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Editorial | 0 | 3.120 | 08/29/2011 - 11:08 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Ermo Corpo Desabitado | 0 | 3.087 | 08/29/2011 - 11:04 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Dos passos que fazem eco | 1 | 2.672 | 06/21/2011 - 22:06 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Autoretrato sem dó menor | 3 | 4.332 | 03/28/2011 - 23:34 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Todo o mundo que tenho | 2 | 2.977 | 03/09/2011 - 08:23 | Portuguese | |
![]() |
Fotos/Profile | 3516 | 0 | 4.965 | 11/24/2010 - 00:55 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | 3518 | 0 | 4.571 | 11/24/2010 - 00:55 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | 2672 | 0 | 5.934 | 11/24/2010 - 00:51 | Portuguese |
Prosas/Others | A ultima vez no mundo | 0 | 3.080 | 11/18/2010 - 23:56 | Portuguese | |
Prosas/Others | Os filhos de Emilia Batalha | 0 | 3.290 | 11/18/2010 - 23:56 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | Veredictos | 0 | 2.994 | 11/18/2010 - 16:41 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Nada mais fácil que isto | 0 | 2.988 | 11/18/2010 - 16:41 | Portuguese |
Comments
Re: Miss Martini
LINDO TEXTO ERÓTICO E SENSUAL!
Meus parabéns,
Marne
Re: Miss Martini
Pareceu-me o desejo contido de um homem, a pensar sozinho e imaginar solitário o que poderia ser...
Acho que seu texto se enquadraria melhor na seção de prosas... e por sinal fortíssima prosa.
Cumprimentos, Anita.
Re: Miss Martini
De facto o texto devia estar na secção de prosas.
De qualquer modo agradeço a leitura e o comentário.
Muito obrigado
Cumprimentos,Adolfo Moura Borges (Lápis-Lazuli)