Lady Nagasaky

Cansados que estão os soldados,
Jazem como túmulos crianças no rescaldo dos dias.

Uma grinalda de fogo abrasa cinzentos eternos
Num teorema moribundo e derradeiro.

O limbo é um jardim de órfãos cegos
Onde deus gargalha a dor.

O ódio brinca num clarão universal
Enquanto os altares do mundo descansam em derrocada…

...Vi-te no domingo passado a fazer magia na rua do centro comercial.
A saia pelos joelhos tinha um sorriso longínquo que acabava no fim da rua.
Chamei-te para não ouvires, entre cigarros e arvores que te reflectiam nas montras.
Ventre puro e imaturo que vai morrer a rir num poema…

Estás ensopada em sangue, cega e decepada
Como uma estátua de cinza…

No limbo…

Crianças jugulares e imperfeitas
A acender fósforos no corpo.

Milhões assim de mãos dadas
Acorrentadas num choro atómico

Mordidas por serpentes
Enlouquecidas pelos homens que bebem vida e veneno.

O teu mundo varrido num sopro
Com as arvores a deitar sangue, queimado e obsceno.

...Os edifícios da cidade desmoronaram em cadeia.
Fui ao centro comercial, entrei para cigarros e gritei por ti na rua…
Nem saia, nem sorriso, nem uma montra espelhava…que agora estás morta e nua.
Então cheirei os despojos, apaguei em mim os destroços do que não devia ser poema.
Faz magia na tua saia, não vás até ao fim da rua…

Como espectros embalsamados no tempo,
Nem há nome nem memória,
Porque deus não quer existir quando na terra gargalha o ódio.

Minha Flor de Lótus amargurada
Celebração apagada,
De uma rua que já não existe...

És explosão mágica... mais nada
a rir na saia, queimada,
mas morta, explosiva ...e triste.

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Sunday, January 24, 2010 - 21:20

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Lapis-Lazuli

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MarneDulinski's picture

Re: Lady Nagasaky

LINDO POEMA, GOSTEI!
Como espectros embalsamados no tempo,
Nem há nome nem memória,
Porque deus não quer existir quando na terra gargalha o ódio.

Meus parabéns,
Marne

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