Adeus Bonequinha...( escrito póstumo)

Hoje é dia 15 de Setembro de 2009.
Partiste há cerca de duas horas e contigo, para sempre, o teu olhar.
Tu minha boneca, que durante doze anos foste amor sem fintas, incondicional, á parte de qualquer razão.
Minha bebé…vais ser sempre a minha bebé…linda!
A Lolinha sabe que se passou algo de estranho, farejou o adeus por todos os sítios onde brincavam…e brincavam tanto.
Lembra-te…
Hoje que te falo para parte incerta, a arriscar a lágrima a cada linha.
Não te vou guardar assim morta nos meus braços com os teus olhos vazios, baços como as nuvens de todos os invernos que passámos…
Não! Recuso esta dor que defronto nos segundos dos gestos em ausência.
Amo-te muito, tu sabes, és a minha menina, um dos meus maiores amores.
Sabes que quando a mana partiu chorei muito, muito, depois a mãe e todos os meus dias entristeceram.
Hoje morreste, não á retorno, não há volta dar-lhe.
Sei que esta dor vai passar, que num futuro onde a lembrança não seja a brutalidade deste momento, ficará de nós um quadro muito bonito, do dia em que vieste cá para casa, dentro de uma caixa de sapatos trazida pela mãe e pela tua Sandra, dos meus ténis roídos e das voltas á velocidade da luz que davas em cima da cama, das tuas idas á rua, quando ladravas como se não houvesse amanhã…
Não consegui salvar-te meu amor, crê que metia a alma a venda, que sacrificaria todo o meu corpo para te dar de novo de vida…
Minha boneca…o pai hoje quando estávamos a comprar o pão começou a chorar muito, a Lolinha, que te serviu de mãe, de irmã, que te ensinou manhas de cão para enfrentares as moscas, está deitada no teu sitio a aquecer a lembrança de quem não sabe o que é a morte.
A Tânia, silencia, é parte racional da tristeza…tem o rosto apagado como uma estàtua bronze.
A tua Sandra faz anos, a tua Sandra...a tua Sandra...tua para sempre.
Estou naquela cadeira a escrever…se olhar para trás estão os teus lugares, a mesa e o banquinho onde me esperavas até irmos para a cama.
Já sinto tantas saudades do teu olhar, pequenina.
Sabes quantos risos me deste quando amarfanhava em tristezas, quantas vezes me desarmaste com os teus olhos dóceis…
A tua história virá com o tempo, com o tempo em que no peito não aperte esta dor forte que faz nós na garganta.
Agora, na minha cabeça invento cenários e golpes mágicos para me consolar a alma…
Onde estarás…sabes, deve haver uma dimensão onde te encontres com os avós, com a mãe, a mana, o Ron-Ron, a Tucha a Micas, o Simba, a Índia e até o Cenourinha da Regina, onde todos te vão abraçar e dar beijinhos…não tenhas medo meu amor, que um dia iremos voltar a encontramo-nos, eu quero acreditar nisso, eu preciso acreditar nisso…
Beijinhos minha boneca, meus, da Sandra a paixão das nossas vidas ,do Pai, da Tânia, e da Lolinha que te ama muito e sente a falta... dorme bem, não tenhas medo, não tenhas…
Descansa em paz.

À minha cadelinha Nikita, minha boneca, meu amor.