Tulipa Negra

Nos socalcos da terra tulipas…
Ventre escuro que negra em brasa causas desvanecidas.
Regadio do podre amparo, sibila de flauta encanto que dorme réstias nos luzeiros.
Horas rudes num aceso de vergonhas perseguidas ao acaso do querer dizer.
Não há flores no teu peito.
Só veredas estéreis, calada boca desértica, lepra seca desprezada.
Negrume…
Porque mataste a fotossíntese na rotina dos dias vários poluídos de soberba.
Não és mais que um vaso triste onde noite manta a verdade dos teus olhos que me foram.
Só eu te sei em mim e sei-te verdes pela alma onde dorme a minha esperança.
Sei-te a boca no meu peito quando aproas as derivas num choro silêncio infinito.
Os teus joelhos trementes em prisões alegadas numa sentença sem delito.
O negro da tua folha quando a lágrima molha a lágrima que te imito.
Vamos sair pela noite…
Vaguear pelos campos onde brisa a neblina que cinzenta o céu das cores.
Plantar expressões finas onde tulipas deferidas saibam no negro o amor.
Ao fundo da madrugada reconhecer-te como és planta de ser e regra…
Amar-te esse acidente, de não seres cor evidente…
Minha túlipa negra.

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Thursday, August 5, 2010 - 23:41

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Lapis-Lazuli

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Worlords's picture

Re: Tulipa Negra

Gostei de ler…

Parabéns

varenkadefatima's picture

Re: Tulipa Negra

Gostei de ler teu desabafo.

Abraço

Varenka

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