DE cara airosa e lavada

Passarinhos esvoaçando,
leituras que perpassam em memória
mães puxando o carrinho
de seus bebés, com carinho.

Rosas engatinhadas
em oliveiras pequeninas
tudo são miminhos
em tarde quente
a cheirar a Verão.

Aprisiono a sensação
de um sentimento diferente
num coração ardente.

Expectativas sentidas
transformadas em hino
construído na mente
inventado a quente…
Esfriado, não se sente.

Morna, assim devo estar
como bolo a desenformar.
Quero-me apetitosa…
Levanto-me, caminho devagar,
componho a saia airosa…
O espaço até ao carro é recto,
retrocedo.
Abeiro-me da oliveira
que se agita, vaidosa.
Segredo-lhe:
fica-te tão bem esse vestido
de folhas estreitas
talhado
de azeitonas pregueado.
Lá mais para diante
ficarão pretas
e em viscoso óleo transformadas.
Tua beleza será emprestada
a rostos ressequidos
de pele já enrugada.

Verás como farás
milagres interiores
em gente mais amada!

Entretanto chego a casa
e besunto a cara lavada!

OF 10-05-2011
 

Submited by

Monday, June 20, 2011 - 23:11

Poesia :

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Odete Ferreira

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Comments

Teresa Almeida's picture

Que lindo sair à rua airosa,

Que lindo sair à rua airosa, vistosa, a desfrutar a vida...

Parabéns Odete! Beijinhos

Odete Ferreira's picture

De cara...

Olá Teresa: este foi mesmo um poema que nasceu e se deu vida a ele próprio!

Obg, amiga

Bjos

Henrique's picture

Em tarde quente a cheirar a Verão.

Um calor que se sente à sombra deste poema delicioso...

Ao lê-lo, é como quem faz uma pausa no campo!!!

 

:-)

Odete Ferreira's picture

De cara ...

Obg, pelo gentil comentário...

Da esplanada onde tomava café travo o "diálogo" com a oliveirinha que avisto...

Bjo

Henrique's picture

Imagem que se vê de forma clara no poema!!!

:-)

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