PÁSCOA - e a Paz(e)coa ...

- e a Paz(e)coa...

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Bem sei que é tempo de Páscoa e que todos nós deveríamos estar felizes pois a palavra Ressurreição enche-nos o peito de grandiosidade.

Mas mais que isso, há uma Luz que nos invade com um poder avassalador, de que a Ressurreição de Cristo é apenas uma das muitas metáforas que a Vida tem para nos brindar

Olha em volta comigo e sente que a Vida te invade a todo o instante e que tu nunca estás sozinho – A mão no teu ombro pode não estar a apoiar-se, mas a conduzir-te docemente para o teu destino.

Não existem verdades que possamos defender ou atacar. A maioria dos acontecimentos ultrapassam a nossa compreensão – a Verdade Absoluta não é deste mundo.

Sobrevivo, e sobrevivemos todos, baseados em leis ficcionadas que correm segundo o usurpador vento das conveniências. O Deus que existe em mim e em cada um de nós, sussurra verdades aos ouvidos voluntariamente sujos.

O ser humano prefere trilhar os caminhos coloridos que ocultam as pedras em que acabará por tropeçar.

A Páscoa é uma metáfora criada para o homem imperfeito, que arrasta a sua cruz sem coragem para despertar para a Vida e prefere naufragar continuadamente nas águas turvas da sua insanidade.

Parece mais fácil suportar mil pequenas dores do que aquela que originaria o rebentamento da chaga que nos atormenta...

O Homem nasce, vive e morre cobarde, preferindo a superficialidade dos prazeres que enlouquecem o corpo e hipnotizam o espírito – O mal doa-se, mas Deus conquista-se.

É nesta condição incómoda que me assumo: Carrego a minha cruz e ainda os pedaços de muitas outras que me atiraram por já não as conseguirem aguentar.

Enquanto isso, Cristo desperta em cada ano, na esperança de que possamos finalmente ver n'Ele, em consciência, o Salvador de todos nós.

… E as lágrimas de sangue continuam a escorrer dos cravos que nos fustigam o corpo e o espírito.

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12.4.2009, Henricabilio