Supondo-me desperto

Despertei não sei do quê nem como,
Se ainda durmo um tardio febril sonho
Vestido a luto ou se desperto a mando
De alguém morto há séculos e por falecer

Do mesmo mal que me anima ainda pés e tronco
E em que nada combina com vida, nem ar aliado
Ao movimento de sombra e luz que me perdure,
Inútil a alma que, se existisse seria cinza, pó terra

Acabando por se perder na penumbra alada
Desse neutro, negro outro lado, não sei porquê,
Nem onde, mestiça margem d’outro homem,
Vestida a manga, só no decote o tecido é curto,

A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,
Maldigo o destino, coso-me ao último, tomara certo,

Não falsa ideia final, do inútil que sou, supondo-me
Desperto, sem uso nem posto, confundo-me
Com as pedras que acariciam meu estéril rosto
E se alinham nas mãos e não no gesso do grotesco busto.

Jorge Santos 06/2019
http://namastibetpoems.blogspot.com

Submited by

Thursday, October 17, 2019 - 18:01

Poesia :

Your rating: None (1 vote)

Joel

Joel's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 11 weeks 1 day ago
Joined: 12/20/2009
Posts:
Points: 42009

Comments

Joel's picture

o tecido é curto, A glote é

o tecido é curto,

A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,

Joel's picture

o tecido é curto, A glote é

o tecido é curto,

A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,

Joel's picture

o tecido é curto, A glote é

o tecido é curto,

A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,

Joel's picture

o tecido é curto, A glote é

o tecido é curto,

A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,

Joel's picture

o tecido é curto, A glote é

o tecido é curto,

A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,

Joel's picture

o tecido é curto, A glote é

o tecido é curto,

A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,

Joel's picture

o tecido é curto, A glote é

o tecido é curto,

A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,

Joel's picture

o tecido é curto, A glote é

o tecido é curto,

A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,

Joel's picture

o tecido é curto, A glote é

o tecido é curto,

A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,

Joel's picture

o tecido é curto, A glote é

o tecido é curto,

A glote é minha assim como a de todos outros
Sem glória, cantando “à capella”, o divino moribundo
E o grotesco aplaudido por milhões de varejas,

Add comment

Login to post comments

other contents of Joel

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Ministério da Poesia/General Vivo do oficio das paixões 1 1.762 06/21/2021 - 15:44 Portuguese
Ministério da Poesia/General Patchwork... 2 1.956 06/21/2021 - 15:44 Portuguese
Poesia/General A síndrome de Savanah 1 2.455 06/21/2021 - 15:43 Portuguese
Poesia/General A sucessão dos dias e a sede de voyeur ... 1 1.868 06/21/2021 - 15:42 Portuguese
Poesia/General Daniel Faria, excerto “Do que era certo” 1 1.566 06/21/2021 - 15:41 Portuguese
Poesia/General Objectos próximos, 1 2.552 06/21/2021 - 15:40 Portuguese
Poesia/General Na minha terra não há terra, 1 1.575 06/21/2021 - 15:38 Portuguese
Poesia/General Esquecer é ser esquecido 1 1.522 06/21/2021 - 15:37 Portuguese
Poesia/General Perdida a humanidade em mim 1 892 06/21/2021 - 15:37 Portuguese
Poesia/General Cumpro com rigor a derrota 1 962 06/21/2021 - 15:36 Portuguese
Poesia/General Não passo de um sonho vago, alheio 2 894 06/21/2021 - 15:36 Portuguese
Ministério da Poesia/General A sismologia nos símios 1 1.056 06/21/2021 - 15:35 Portuguese
Ministério da Poesia/General Epistemologia dos Sismos 1 1.352 06/21/2021 - 15:34 Portuguese
Ministério da Poesia/General Me perco em querer 1 1.366 06/21/2021 - 15:33 Portuguese
Ministério da Poesia/General Por um ténue, pálido fio de tule 1 1.242 06/21/2021 - 15:33 Portuguese
Ministério da Poesia/General Prefiro rosas púrpuras ... 1 852 06/21/2021 - 15:33 Portuguese
Ministério da Poesia/General A simbologia dos cimos 1 1.247 06/21/2021 - 15:32 Portuguese
Ministério da Poesia/General Pangeia e a deriva continental 1 2.219 06/21/2021 - 15:32 Portuguese
Poesia/General Minh’alma é uma floresta 1 799 06/21/2021 - 15:31 Portuguese
Poesia/General O lugar que não se vê ... 1 856 06/21/2021 - 15:31 Portuguese
Poesia/General Meus sonhos são “de acordo” ao sonhado, 1 1.038 06/21/2021 - 15:31 Portuguese
Poesia/General Apologia das coisas bizarras 1 955 06/21/2021 - 15:30 Portuguese
Poesia/General Gostar de estar vivo, dói! 1 694 06/21/2021 - 15:30 Portuguese
Ministério da Poesia/General Os Dias Nossos do Isolamento 1 1.352 06/21/2021 - 15:28 Portuguese
Ministério da Poesia/General Permaneço mudo 1 1.175 06/21/2021 - 15:28 Portuguese