Bocas que sangram

Pérfida natureza para com aspirações,
Desnorteante golpe de aríete
De súbita parada daquilo que um sonho tenta alcançar,
Ou, quiçá
Simplesmentemente uma ardente vontade que uma triste alma pode ponderar.

Pega-nos como mãos-atiradeiras de pedras,
Num segundo somos friamente lançados
Para um novo desespero quicante
Sobre a superfície dum lago que chamamos de vida.

Adiante, mais adiante fica quem sabe o destino,
Só que aqui paira o desatino
E num “desato de tino” somos emanados auriformementemente
De nossos corpos empalados
Num suplício onde o fado teima em nos espetar pelo ânus.

Escorraçados, pomos-nos em fuga
À espera de um milagre ao gentio cru
Na maledicência do imperfeito...
Tão perfeito cavaleiro que com braços fortes presos às rédeas
Forçam o bridão contra nossas bocas.
Somos o cavalo tentando lutar com nossos pescoços,
Incapacitados
Escarificados somos guiados
Por uma estrela que ainda não sabe dançar.

Tal falta de jeito
Conduz-nos em passos totalmente desritmados
Na eloquência da loucura do acaso
&
Tão
Novamente escorraçados, pomos-nos em fuga
 

Submited by

Wednesday, January 12, 2011 - 14:48

Poesia :

No votes yet

Alcantra

Alcantra's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 10 years 20 weeks ago
Joined: 04/14/2009
Posts:
Points: 1563

Comments

Henrique's picture

Simplesmentemente uma ardente vontade

Sobre a superfície dum lago que chamamos de vida.

Intensa eloquência da loucura do acaso

num suplício onde o fado teima em nos espetar pelo ânus.

Isto é poderoso!!!

Add comment

Login to post comments

other contents of Alcantra

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Love Soma de poemas 5 2.925 02/27/2018 - 12:09 Portuguese
Poesia/General Abismo em seu libré 0 3.237 12/04/2012 - 00:35 Portuguese
Poesia/General Condado vermelho 0 3.806 11/30/2012 - 22:57 Portuguese
Poesia/General Ois nos beijos 1 2.783 11/23/2012 - 11:08 Portuguese
Poesia/General Dores ao relento 0 3.091 11/13/2012 - 21:05 Portuguese
Poesia/General Memórias do norte 1 2.202 11/10/2012 - 19:03 Portuguese
Poesia/General De vez tez cromo que espeta 0 3.350 11/05/2012 - 15:01 Portuguese
Poesia/General Cacos de teus átomos 0 2.651 10/29/2012 - 10:47 Portuguese
Poesia/General Corcovas nas ruas 0 3.143 10/22/2012 - 11:58 Portuguese
Poesia/General Mademouselle 0 2.476 10/08/2012 - 15:56 Portuguese
Poesia/General Semblantes do ontem 0 2.325 10/04/2012 - 02:29 Portuguese
Poesia/General Extravio de si 0 3.126 09/25/2012 - 16:10 Portuguese
Poesia/General Soprosos Mitos 0 3.659 09/17/2012 - 22:54 Portuguese
Poesia/General La boheme 0 3.378 09/10/2012 - 15:51 Portuguese
Poesia/General Mar da virgindade 2 2.462 08/27/2012 - 16:26 Portuguese
Poesia/General Gatos-de-algália 0 3.560 07/30/2012 - 16:16 Portuguese
Poesia/General Vidas de vidro num sutil beijo sem lábios 2 2.617 07/23/2012 - 01:48 Portuguese
Poesia/General Vales do céu 0 2.487 07/10/2012 - 11:48 Portuguese
Poesia/General Ana acorda 1 2.913 06/28/2012 - 17:05 Portuguese
Poesia/General Prato das tardes de Bordô 0 2.822 06/19/2012 - 17:00 Portuguese
Poesia/General Um sonho que se despe pela noite 0 3.168 06/11/2012 - 14:11 Portuguese
Poesia/General Ave César! 0 3.222 05/29/2012 - 18:54 Portuguese
Poesia/General Rodapés de Basiléia 1 2.747 05/24/2012 - 03:29 Portuguese
Poesia/General As luzes falsas da noite 0 3.112 05/14/2012 - 02:08 Portuguese
Poesia/General Noites com Caína 0 2.627 04/24/2012 - 16:19 Portuguese