Anjo Caído
O comando do poder está além do além
Num levante de infinitos homens
Numa reza de infinitos amém
De quem? De quem?
De quem são as ordens?
Uma voz soa e retine em meus ouvidos
Faces distorcidas me privem
De enxergar quem será o escolhido.
Qual escadaria me leva ao plano superior?
O meu outono presente faleceu no entardecer
O meu passado ausente morre de dor
Os quinze anos atrás retornam e é o meu presente
Agora sou o que eu era
Mera quimera...
Descontente defunto da tarde
Traído
Pelo calor e a umidade
Num exalar de putrefação
Incomodando os sentidos
De uma estranha sensação
Arrastado e esfolado pelas feridas da solidão.
Por que me sinto assim?
Será que foi por escrever?
Sou o poeta das pequenas virgens
Que moram num desejo de relação...
Ver, me ver, te ver, te vi,
Longe daqui
Espalhada numa grama de taxinhas
Contorcia-se e se enfeitiçava sozinha.
Estava longe...
Quando no horizonte
Apareceu um daqueles anjos caídos
Parecia torpe,
E flutuava quase invisível e meio molhado,
Mas era de um vidro fino
Frágil e delicado
Sangue, de um vinho tinto.
Torpe não era
Era pobre e quase indelével
De uma fraqueza triste,
Uma sensibilidade amável,
Imagem que em mim persiste.
Quando caiu se quebrou
O encanto acabou
E o inverno ficou quente
E a primavera veio fria
E a dor, a dor ficou.
E derretidos estavam os corações
Neste outono que estava morto
Estando eu, preso às paixões
Estando eu, agarrado ao desgosto.
Ah, que gosto!
Que gosto!
Acre, doce, solto,
Um barco deixando um porto.
E então,
Com a alegria ausente
Tornei-me um anjo
Deste anjo caído
Que se transformou em gente.
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Comments
Re: Anjo Caído
Alcantra
Muito bom seu poema...
Amei!!!
Abraço-luz
mm
Re: Anjo Caído
LINDO POEMA,GOSTEI MUITO!
TODOS NÓS TEMOS UM POUCO DE ANJO, QUANDO NÃO, DEVEMOS NOS ESFORÇAR PARA SERMOS ANJOS, PARA A NATUREZA, ANIMAIS, NOSSOS IRMÃOS!
Meus parabéns,
Marne
Re: Anjo Caído
Todos nós, seres humanos, somos anjos caídos, segundo a mitologia cristã, por assim dizer, copiada dos antigos.
Beleza de poema!
Um abraço,
REF